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23 de abr. de 2012

Abajur apagado


- Venha! Pode entrar meu amor, estava a tua espera, sabia que ia conseguir chegar, embora a chuva esteja forte. Sabia que não dormiria só esta noite.
- Quero ficar aqui, até o amanhecer meu querido, não teremos problema algum quanto a isso, te amo.

Um trovão ressoa lá fora, o vento faz os respingos de chuva molhar uma parte do tapeta azul da sala. Antes o rosto dela foi iluminado pelo relâmpago que cruzou o céu e atingiu alguma parte do terreno abaixo, foi um estrondo enorme. Ela se assustou e me abraçou forte. Tremia de medo, não precisa ter mais medo, estamos abrigados aqui na nossa casa.
- Não fica assim, não precisa ficar com medo, está em segurança.
- Deixa tirar estas roupas molhadas, tive que dar a volta na casa, a porta dos fundos estava fechada.
- Desculpe amor, esqueci-me de destrancá-la, poderia sair do carro e entrar logo e nem se molharia. A cobertura da garagem é bem ampla. Que bobeira minha.
- Não se preocupe, vou me trocar e colocar a camisola preta que quero te mostrar é bem linda e me fica bem sensual comprei por sua causa, sei que gostará.
- Não vejo a hora de te olhar, bem bela e relaxada, sobre os lençóis macios.
- Hum! Já me deixou disposta amor, me aguarde!

O banheiro no fim do corredor, antes da cozinha ao fundo, tem toalha limpa e seca, o tapete no chão bem espaçoso, poderá se arrumar tranquilamente, e nem pisar no azulejo frio. Um espirro agora seria sinal de resfriado. Já estava preparado para ir para cama, meu leve pijama, me cobre da cintura para baixo, detesto me deitar com a parte de cima, me incomoda, tenho sono movimentado. Na ausência dela ao meu lado, busco posições e me reviro pela noite toda. Quanto menos roupa melhor.

A noite promete se arrastar carregada de luxúria e paixão, a muito não tínhamos uma só noite nossa, para que o amor que sentimos um pelo outro, possa assumir tudo de agora em diante. A noite dos amantes proibidos. Ande logo meu amor, meu corpo te reclama, ele clama por teu calor, pelo teu aroma sedutor. Quero te levar nos braços, te deitar em nossa cama, te amar sem medida, mereço teus carinhos, devo a você meus momentos de loucura que sempre imagino ao seu lado. Poderemos realizar nossos sonhos, nossas formas de nos provar que nos amamos como nunca ousamos. Apareça minha musa, minha encantadora criatura, roubaste meu coração e de ti sou escravo, não quero ser liberto nunca mais.

Lá fora o vento parece raivoso, querendo tudo levar no seu caminho, parece que morre de ciúmes de ti, mas, ele sabe que à protegerei de tudo e de todos, Ele expulsou a Lua, que logo cedo apareceu, mas não resistiu à investida e sumiu. As estrelas desapareceram, ele, o vento raivoso e ciumento, as cobriu com as obedientes nuvens, suas parceiras. Mais um clarão ilumina a sala e tira do ambiente a penumbra. Olho para o quarto e vejo você já deitada, abajur ligado, apenas nossas sombras serão projetadas nas paredes. Os clarões cessaram, os raios da ruidosa tempestade, como por milagre, cessou. Ao menos não seremos incomodados, sei que ficaria assustada.

Aproximo-me da cama, você está deitada de lado, um dos braços embaixo do travesseiro teus lábios cobertos por um batom rosa, nada demais, tua maquiagem bem leve e delicada, mostram um rosto sedutor pelo qual fui atraído e me entreguei sem pensar nas consequências, nem imaginar que pudesse algo dar errado entre nós. Ainda bem meu amor, nossa noite está completa, eu apaixonado estou, você desejosa por meus carinhos, tua negra camisola que quero tirar devagar, deslumbrar tua realeza, te descobrir. Minha Eva, serei seu Adão por toda esta noite, venha para o meu paraíso quero de tua maçã um pedaço, ser condenado, saborear e deleitar-me de teu néctar maduro. Quero ser teu amante. Mostrar-te meu ímpeto e amar você por toda esta noite.

- Apague o abajur, meu amor.

Gerson Araujo Almeida




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